Eu acredito que um dia passe. Toda essa angústia contida no peito, toda essa falta e exagero de pessoas fúteis. Me considero louco por precisar tanto assim dos outros, queria nascer de novo, com uma personalidade forte, mais determinado, menos infeliz. Mas eu não sou infeliz por conta do que vivo, e sim pelo o que deixo de viver. Passo horas encarando a solidão, aguardando uma resposta para minhas dúvidas. E não, eu não movo uma palha para encontrá-las. E enquanto não acontece, não dura e nem chega, irrealizo qualquer vontade que dependa de esforço. Não tenho motivos. Aliás, até os tenho, e muitos por sinal… Mas não saber o que acontecerá depois me desanima, me entristece, me deixa sujeito a não modificações. Sejam elas pelo tempo, pelo convívio ou pelo tato. Pelo ver, sentir ou ter. Eu não sou pessimista, e o copo está meio cheio para mim. Mas de morte, tristeza, exclusão. Ao contrário de muitos, eu até gosto de dias ruins. Eles significam que algo melhor estar por vir, entende? Como uma tarde ensolarada que abusa do calor para enviar chuva. Não sou tão preguiçoso a ponto de esperar que as coisas caiam assim, do céu. Mas não tenho coragem suficiente para agir. Fico no meio termo, quase sempre. Não é questão de pensar, e sim de deixar fluir por si só. É tanta negação que meu rosto transparece desinteresse até mesmo quando estou interessado, até quando preciso. Não reclamo de atenção. Talvez esteja sendo cruel demais com os fatos, ou severo comigo mesmo. Insatisfeito com a vida e com nenhuma ou pouquíssima energia, passei a carregar meus sonhos inacessíveis dentro do bolso, apenas para não perder o costume. Apenas para não me cansar mais. E na esperança de ver tudo mudar, observo a realidade da maneira mais seca possível, e então me distancio. Porque se manter longe ou invisível é mais seguro. E tudo isso não é drama, nem culpa. Só ausências. Que se preenchidas agora não fazem mais tanta diferença.


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